sábado, 21 de agosto de 2010

A Caverna de Platão

O mundo em que se movimentam, hoje em dia, os docentes é comparável ao que Platão descreve no Mito da Caverna. Para eles, o que se escreve nas actas e nos relatórios é que importa, mesmo que não tenha qualquer correspondência com a realidade.

Se na avaliação de uma actividade, registada num relatório, está escrito que a actividade foi um sucesso (porque não se registaram acidentes, porque os alunos e os encarregados de educação não apresentaram nenhuma queixa, porque os professores concordam, ou seja porque for), esta é a prova mais objectiva de que a actividade foi um sucesso, não necessitando, por isso, de mais evidências.
Para justificar os maus resultados de uma turma, basta que o conselho de turma registe em acta que os alunos não gostam de estudar e, não sendo possível actuar neste parâmetro, nada há a fazer!
Os docentes trabalham com muitas sombras que confundem com a realidade e, mesmo tendo consciência deste equívoco, aceitam-no, desde que convenha aos seus interesses. Qualquer "imbecil" que tente confrontá-los com a realidade é imediatamente colocado à margem e ignorado.
Haveria muitos exemplos que se poderiam avançar para comprovar esta "teoria". Apresento apenas uma questão, que tem a ver com a avaliação dos docentes.
Parece-me evidente que a avaliação do desempenho, para ser justa, deverá fundamentar-se, sempre que possível, em factos e em critérios bem definidos e aceites, pelo menos, pela maioria. Mas, esta valorização da objectividade tem custos, um dos quais é a necessidade de muitos registos e a aplicação de regras (resultantes dos critérios aprovados).
A forma de combater esta tentativa de tornar a avaliação mais justa, encontrada pelos docentes (bem acompanhada pelos respectivos sindicatos), foi a sua conotação com a burocracia. Então, o sistema de avaliação do desempenho docente é mau porque é muito burocrata, ou seja, não interessa um sistema de avaliação que se baseie nas realidades. Ficarmos apenas pelas sombras (apartências), que ficamos muito bem.

Sem comentários:

Enviar um comentário