terça-feira, 25 de dezembro de 2012


Para que servem as greves ?

As greves apareceram e foram aceites pelos regimes democráticos como um direito essencial dos trabalhadores para tentarem impor os seus pontos de vista, nas negociações com a entidade patronal, para protegerem os postos de trabalho, quando os consideram ameaçados, para defenderem os seus direitos, se os considerarem em perigo, para se solidarizarem com outros trabalhadores, etc.
São tantos e tão variados os fundamentos apresentados para justificar a realização de uma determinada greve, que deve ser impossível enumerá-los todos.

Enfim, está prevista na Constituição de qualquer país civilizado e acho muito bem. Nesta luta de interesses, por vezes contraditórios, entre patrões e empregados, parece-me essencial que a parte mais fraca disponha de armas que travem os instintos exploratórios dos empresários gananciosos.
A questão que eu levanto tem a ver com a forma como as greves são geridas pelos sindicatos e, por consequência, se as greves têm, verdeiramente, defendido os interesses dos trabalhadores ou, apenas os interesses dos burocratas que gerem os sindicatos.
Não percebo porque se avalia o sucesso das greves pelo número de adesões e não pelo grau de consecução dos objetivos atingidos com a sua realização. Ou seja, a mobilização dos trabalhadores para a greve é um meio para se atingirem os objetivos, não é um fim.
Se uma determinada greve tiver uma adesão de 99% dos trabalhadores, o que podemos garantir é que os dirigentes sindicais (que marcam as greves) convenceram os trabalhadores da justeza e pertinência dos seus pontos de vista e, por isso, conseguiram mobilizá-los. Mas será a mobilização sinónimo de sucesso da greve?
Em primeiro lugar, dada a importância das greves para quem a faz, mas também para o país em geral, não devia ser permitida a marcação de uma greve sem ter objetivos bem definidos, em função da sua finalidade. Ou seja, se, por exemplo, uma greve é marcada para se conseguir uma justa atualização dos salários, à qual a entidade patronal se opõe, no pré-aviso da greve deveria constar que a greve se faz para atingir esse objetivo (que até poderia ser quantificado).
Depois, feita a greve, só poderá considerar-se que foi bem sucedida se, num prazo curto (um mês, dois meses ...) se conseguiu a atualização salarial pretendida. Se este objetivo não foi conseguido, o insucesso da greve foi tanto maior, quanto maior tiver sido a mobilização, porque os trabalhadores ficaram mais pobres (perderam, pelo menos, um dia de vencimento) e o patrão poderá ter ficado a ganhar, visto que amealhou o salário dos que aderiram à greve.
Estou certo, ou estou errado?
A continuar ...

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